Uma vez uma pessoa que adora enigmas, desses que a resposta nunca é fundamentada, me perguntou, como quem sabia ter eu a resposta para sua pergunta: " Minha irmã, por que os Três Mosqueteiros eram quatro?". Eu, de imediato respondi sem fundamento algum, que no inicio eram três e que depois chegou o quarto.
Esta resposta não convenceu meu irmão mais velho, ele esperava mias de mim. Ele acreditava que eu era a sua irmã mais inteligente, e eu, no ímpeto de não desapontá-lo, resolvi pesquisar sobre o assunto para fundamentar minha resposta. O descontentamento do meu irmão estava em a obra de Alexandre Dumas se intitular, “Os três mosqueteiros”, então por que D'artangnan, era um mosqueteiro? seria ele o quarto mosqueteiro?. Então pensei: Como desfazer esse nó?
Na verdade eu nunca tinha pensado nisso. Assistir a quase todos os filmes dos mosqueteiros e nunca me ative a este fato. Sei que quando essa pergunta me foi feita a pessoa que a fez também não tinha a mínima ideia da resposta, era uma pegadinha, dessas como qual a cor do cavalo branco de Napoleão? Uma coisa é certa a pergunta por muito tempo me perturbou e eu então resolvi buscar uma explicação lógica, se é que existe, que pelo menos me satisfizesse e que surpreendesse meu irmão, acredite isso aconteceu!.
Comecei então minha investigação, primeiro assistindo a dois filmes sobre os mosqueteiros que foram fundamentais para construir meu pensamento; As aventuras dos Mosqueteiros e O homem da Máscara de Ferro. O primeiro, narra o sonho do jovem D'artangnan em tornar-se um mosqueteiro; o segundo, mostra os Três Mosqueteiros aposentados e D'artangnan ainda na ativa a serviço do filho mau do Rei.
Bom, os dois filmes contam a trajetória de ARTHOS, PORTHUS E ARAMIS, três homens corajosos, destemidos e habilidosos com o manejo de espadas, a serviço do Rei Luís XIII, que se propuseram a treinar a guarda do rei a tal ponto que esta fosse a melhor que já existira. E assim foi fundada a COMPANHIA DOS MOSQUETEIROS liderada pelos Três Mosqueteiros, a maior e mais competente, que passou a ser a guarda oficial do rei.
Com o passar do tempo a adesão à companhia passou a ser o sonho de todos os homens que viam em ARTHOS, PROTHUS E ARAMIS o exemplo a ser seguido. Todos que eram recrutados para ingressar à companhia tinham que passar por um teste com os Três Mosqueteiros, que determinavam quem estava apto ou não a pertencê-la. A companhia cresceu e foi dividida em duas: "COMPANHIA DE MOSQUETEIROS EM TEMPO DE PAZ", que fazia a guarda do castelo e do rei e a "COMPANHIA DE MOSQUETEIROS EM TEMPO DE GUERRA", que fazia a guarda ostensiva fora do castelo, ambas tinham a liderança dos Três Mosqueteiros. Pela competência, destreza e experiência o Rei Luís XIII nomeia, então, ARTHOS, PORTHUS e ARAMIS, conselheiros da Coroa, agora eles não só lideravam as companhias e fazia a proteção do rei, como também eram seus conselheiros direto nas decisões que por ventura o rei viesse a tomar.
Havia um jovem fidalgo, que sonhava em ser um mosqueteiro, mais precisamente como os Três Mosqueteiros, seu nome D'artangnan. Mas, ele era muito novo para ser um mosqueteiro... teria que ser um homem mais velho e experiente, qualidades que o jovem ainda não possuía. Mas isso não foi suficiente para encerrar o sonho do jovem D'artangnan. Ele procurou a companhia e passou por um teste, ele era muito bom com a espada, mas ARTHOS, PORTHUS e ARAMIS, o achava muito jovem, incapaz de antecipar-se a uma investida de um ataque do oponente, eles subestimaram D'artangnan, dizendo ser ele muito imaturo, muito embora, os três admirassem o rapaz pela sua coragem.
Por fim, D'artangnan não foi aceito, apesar de ARTHOS, PORTHUS e ARAMIS, reconhecerem seus talentos. Isso, o deixou muito triste, mas jamais destruiu definitivamente com o seu sonho, e foi justamente numa tentativa dos inimigos em derrubar o rei e tomar-lhe sua coroa que D'artangnan pode mostrar todo seu potencial.
Os inimigos articularam-se e vieram para cima dos Mosqueteiros, juntaram-se as companhias lideradas, é claro, pelos Três Mosqueteiros e contra-atacaram os inimigos. ARTHOS, PORTHUS e ARAMIS, só não contavam com uma surpresa... D'artangnan. Que surge de repente e se uniu aos três, lutando com eles, colocando sua vida em risco para salvar o rei. O final? todos nós já sabemos, os mosqueteiros saíram vitoriosos e D'artangnan pôde então, ingressa como o mais jovem mosqueteiro a serviço do rei. O Rei Luís XIII, por indicação de ARTHOS, PORTHUS e ARAMIS, nomeou então, D'artangnan como 1º Tenente de infantaria da "COMPANHIA DE MOSQUETEIROS EM TEMPO DE GUERRA". Quanto aos Três Mosqueteiros, permaneceram como conselheiros do rei e liderando as duas companhias e entre os quatros se firmou uma sólida amizade, lealdade, companheirismo e fidelidade. Eles não só eram admirados pelos seus colegas de companhia, como pelo povo que os tinha como verdadeiros HERÓIS.
Portanto, D'artangnan não foi um quarto mosqueteiro por ser ainda muito jovem, mas exerceu posição de destaque em reconhecimento a sua bravura e destreza no manejo das armas, ele era bom, como os mosqueteiros. Mas, existia uma regra para o ingresso à companhia, e ela não poderia ser desrespeitada. Por fim, podemos ver o D'artangnan, atuando como um mosqueteiro no filme o Máscara de Ferro, ali podemos ter uma ideia clara de como ele era jovem, pois os três mosqueteiros ARTHOS, PORTHUS e ARAMIS, estavam aposentados, e ele não. Mesmo, assim ele era o Capitão da guarda e não um conselheiro real, posição ainda ocupada por ARAMIS, agora padre. Resumindo:
1) Todos que faziam a guarda do rei eram mosqueteiros, e tinha idade para tal;
2) O título "Os três Mosqueteiros", dado por Alexandre Dumas à sua obra, refere-se ao lugar de destaque galgado pelos três: ARTHOS, PORTHUS e ARAMIS. Por terem sido nomeados conselheiros direto do Rei, posto de confiança;
3) Portanto, D'artangnan foi um membro da companhia (externa ao palácio), como Tenente por ser jovem demais para ingressar como mosqueteiro, o que ele se tornaria anos mais tarde quando tivesse idade.
Bom essa foi a minha releitura do romance de DUMAS, tudo que aqui relatei na está explícito nos filmes, são conclusões minhas(conclusões tiradas após pesquisas) mas, se você prestar atenção nas entrelinhas dos diálogos acabará percebendo muito bem a história. Não sei se existe resposta para o que me foi perguntado, mas foi muito bom ter viajado no romance de Alexandre Dumas, pude perceber coisas que passaram desapercebido e que são de grande importância para se entender a obra.
O mais difícil não foi investigar a pergunta em questão, mas sim ter podido, no meu ponto de vista, respondê-la para mim mesma. Quando expus essa minha trajetória para meus amigos, eles ficaram admirados, até acharam coerente, mas aí, me perguntaram de onde eu havia tirado tal conclusão. Eu respondi que fiz uma releitura da obra e construir o meu pensamento acerca do material que utilizei para fazer a minha investigação.
Sabe o que eles falaram? Primeiro riram, depois me disseram que pensou que eu tivesse lido isso de algum escritor, em um livro, ou de algum estudioso da obra, e não deram mais importância, aquilo que em algum momento lhes pareceu coerente, não era mais, pois não foi nenhum pensador importante que disse, mas sim uma simples mortal que ainda por cima era mulher, o velho preconceito... . Essa conclusão pode não ter vindo de nenhum pensador famoso, mas veio de mim que penso e existo, o fato de eu não me contentar com uma resposta comum e me lançar a buscar uma explicação para uma reposta sem ao menos saber se ela existia, despertou em mim a crença de que eu "POSSO FAZER", que todos nós podemos fazer. Os pensadores são o perfeito exemplo disso, para que hoje eles tivessem suas ideias reconhecidas, ousaram pensar e buscar responder as questões daqueles que tiveram medo de descobri-las.
O que posso dizer disso tudo, é que foi maravilhosa essa experiência, o universo dos "TRÊS MOSQUETEIROS", é fabuloso, a história é envolvente, embora a achemos chata, ela é rica em diálogos, sem falar que o pano de fundo nos reporta para aquilo que perdemos, a crença no SER HUMANO e a LEALDADE ENTRE AMIGOS.
E quem quiser, e for capaz que conte outra...
"Um por todos e todos por um"
(Os Três Mosqueteiros)
"Não existe nenhuma pergunta idiota que não mereça uma resposta inteligente"
SOL