A capacidade de amar intensamente é privilégio de poucos! Solares

"Eu tenho a alegria de dizer, nessa vida eu levo prejuízo o tempo todo, mas eu me alegro em cada prejuízo que levo, porque cada vez que eu consigo amar sem interesses, cada vez que eu posso me doar para alguém é o meu coração que ganha em qualidade e humanidade!"
Pe. Fábio de Melo

quinta-feira, novembro 27, 2008

POR QUE PADRE NÃO PODE CASAR?

Diante da polêmica confissão de um padre em se declarar casado e do mesmo afirmar que este fato não o impedia de exercer o sacerdócio, resolvi esclarecer os pontos que envolve esta questão, ou melhor, o CELIBATO. E ninguém melhor que o pe. Fábio de Melo para tratar essa questão. Ele explica a sua opção pelo CELIBATO, defendendo esta condição para o exercício do sacerdócio com respeito e dignidade para com seus divergentes. Abaixo transcrevo na integra comentário feito pelo pe. Fábio em seu BLOG, sobre a polêmica que se estabeleceu frente as declaração do padre Oziel, que no programa “Fantástico” da Rede Globo fez a seguinte declaração: "Quem quiser ser celibatário, seja celibatário. Quem quiser se casar, casa".


BLOG DO PADRE FÁBIO

27/11

A graça de ser só


Ando pensando no valor de ser só. Talvez seja por causa da grande polêmica que envolveu a vida celibatária nos últimos dias. Interessante como as pessoas ficam querendo arrumar esposas para os padres. Lutam, mesmo que não as tenhamos convocado para tal, para que recebamos o direito de nos casar e constituir família.


Já presenciei discursos inflamados de pessoas que acham um absurdo o fato de padre não poder casar.


Eu também fico indignado, mas de outro modo. Fico indignado quando a sociedade interpreta a vida celibatária como mera restrição da vida sexual. Fico indignado quando vejo as pessoas se perderem em argumentos rasos, limitando uma questão tão complexa ao contexto do “pode ou não pode”.


A sexualidade é apenas um detalhe da questão. Castidade é muito mais. Castidade é um elemento que favorece a solidão frutuosa, pois nos coloca diante da possibilidade de fazer da vida uma experiência de doação plena. Digo por mim. Eu não poderia ser um homem casado e levar a vida que levo. Não poderia privar os meus filhos de minha presença para fazer as escolhas que faço. O fato de não me casar não me priva do amor. Eu o descubro de outros modos. Tenho diante de mim a possibilidade de ser dos que precisam de minha presença. Na palavra que digo, na música que canto e no gesto que realizo, o todo de minha condição humana está colocado. É o que tento viver. É o que acredito ser o certo.


Nunca encarei o celibato como restrição. Esta opção de vida não me foi imposta. Ninguém me obrigou ser padre, e quando escolhi o ser, ninguém me enganou. Eu assumi livremente todas as possibilidades do meu ministério, mas também todos os limites. Não há escolhas humanas que só nos trarão possibilidades. Tudo é tecido a partir dos avessos e dos direitos. É questão de maturidade.


Eu não sou um homem solitário, apenas escolhi ser só. Não vivo lamentando o fato de não me casar. Ao contrário, sou muito feliz sendo quem eu sou e fazendo o que faço. Tenho meus limites, minhas lutas cotidianas para manter a minha fidelidade, mas não faço desta luta uma experiência de lamento. Já caí inúmeras vezes ao longo de minha vida. Não tenho medo das minhas quedas. Elas me humanizaram e me ajudaram a compreender o significado da misericórdia. Eu não sou teórico. Vivo na carne a necessidade de estar em Deus para que minhas esperanças continuem vivas. Eu não sou por acaso. Sou fruto de um processo histórico que me faz perceber as pessoas que posso trazer para dentro do meu coração. Deus me mostra. Ele me indica, por meio de minha sensibilidade, quais são as pessoas que poderão oferecer algum risco para minha castidade. Eu não me refiro somente ao perigo da sexualidade. Eu me refiro também às pessoas que querem me transformar em “propriedade privada”. Querem depositar sobre mim o seu universo de carências e necessidades, iludidas de que eu sou o redentor de suas vidas.


Contra a castidade de um padre se peca de diversas formas. É preciso pensar sobre isso. Não se trata de casar ou não. Casamento não resolve os problemas do mundo.


Nem sempre o casamento acaba com a solidão. Vejo casais em locais públicos em profundo estado de solidão. Não trocam palavras, nem olhares. Não descobriram a beleza dos detalhes que a castidade sugere. Fizeram sexo demais, mas amaram de menos. Faltou castidade, encontro frutuoso, amor que não carece de sexo o tempo todo, porque sobrevive de outras formas de carinho.


É por isso que eu continuo aqui, lutando pelo direito de ser só, sem que isso pareça neurose ou imposição que alguém me fez. Da mesma forma que eu continuo lutando para que os casais descubram que o casamento também não é uma imposição. Só se casa aquele que quer. Por isso perguntamos sempre – É de livre e espontânea vontade que o fazeis? – É simples. Castos ou casados, ninguém está livre das obrigações do amor. A fidelidade é o rosto mais sincero de nossas predileções.

Padre Fábio de Melo


Site: http://www.fabiodemelo.com.br/

segunda-feira, novembro 17, 2008

Ah! que saudades que sinto...

Ah! que saudades que sinto das novelas de Janete Clair... novelas cheia de mistérios, amor e requinte propícios ao cultivo da imaginação.

O amor entre a mocinha e o mocinho, alimentava o nosso coração de esperança, esperança essa, que embora ambos sofressem o diabo, no final, tínhamos certeza, que a felicidade iria reinar.

Falar no passado nos traz um tom nostálgico. Alguém disse um dia, que devemos lembrar do passado apenas com saudade e não viver eternamente dele. Para mim algumas coisas ainda deveriam ser como no passado, embora isso fosse totalmente impossível. Esse sentimento nostálgico teve inicio em mim, devido a um arsenal de novelas idiotas que tem sido formatadas para o público contemporâneo. Lembro-me que as novelas de antigamente, mais precisamente, as de Janete Clair, possuíam um tempero todo especial: tínhamos a mocinha que sofria horrores por causa do mocinho, um suspense que só no final da novela era desvendado, e o felizes para sempre dos protagonistas que selavam seu amor inabalável com um lindo casamento na igreja. A priori toda essa minha melancolia adocicada pode parece uma idéia do “Mito do Amor Romântico”, é pode ser. Mas mesmo com a ilusão idealizada do amor a nossa imaginação, uma vez iluminada com a ficção, promovia em nós sonhos, não sonhos impossíveis de serem realizados, mas, sonhos que fertilizavam o nosso imaginário e nos impulsionam aos grandes ideais.

As novelas de hoje estão impregnada da realidade que ao meu ver é desnecessária, já que a realidade, nós a vivemos todos os dias, no que diz respeito a ficção, agora me parece um sonho distante, relegada a segundo plano. Não sei mais o que é JN ou Novela, já que ambos retratam a vida real.

Mas, retornando ao meu baú de lembranças... sabe por que sinto tanta falta das novelas ficcionais? Porque a fantasia tomava conta de nós... e queríamos ser a mocinha... chorávamos com ela... e alegrávamos com ela, ficávamos tão ligadas na tela da TV que nem que o mundo acabasse nossos olhos piscariam... o que seria de nós sem a fantasia? se a realidade é boa de ser vivida a fantasia também o é. Lembro-me bem que nossa curiosidade era sempre aguçada a cada dia com as cenas do próximos capítulos, ficávamos ansiosos a espera do dia seguinte para ver o que ia acontecer, era o pensamento atravessando a fronteira do pensar. Hoje as cenas dos próximos capítulos não são mais exibidas, pois, os jornais e as revistas divulgam semanalmente os resumos de seus capítulos. O que antes era mantido em segredo se revela, quebrando todo o encantamento da beleza cénica. As cenas dos próximos capítulos chamavam a nossa atenção para as emoções e as surpresas que estavam por vir , e nada seria capaz de impedir esse encontro, nem mesmo uma festa, um casamento, nem mesmo um namorado. Sinto falta dessa magia, sinto falta da legenda que era exibida após os créditos que dizia assim: esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com o conteúdo e nomes do personagens terá sido mera coincidência”. Hoje, as cenas dos próximos capítulos não existem mais, nem tampouco os créditos ou melhor existem mas, passam numa velocidade tamanha que fica impossível até mesmo para que fez leitura dinâmica ler. A ficção foi embora dando lugar a realidade, toda a mágia se transformou em realidade, e agora tem cota de tudo nas novelas e no final da história não sabemos mais quem é quem ou melhor, quem é de quem, sem nenhum conteúdo significativo a história se perde no meio do caminho, pois com tanta gente é impossível dar conta de um enredo que faça sentido. A recordista deste feito é a escritora Glória Perez, que faz de suas novelas uma gestação (levando de 6 a 8 meses no ar) e quando é chegada a hora do parto o bebê nunca nasce (ela sempre se perde no final) só espero que ela não se perca pelos Caminhos das Índias (sua nova novela), mas para falar a verdade não espero nada diferente disso.

Mas, por que as novelas da Globo não agradam mais? Por que os baixos índices de audiência? Porque as novelas não falam mais de sonhos a serem conquistados, gerando assim, uma carência profunda em todos nós, uma enorme sensação de estarmos ocos, vazios. Mas, o que seria do ser humano sem sonho? Nada. Alguém disse um dia(eu nunca me lembro que disse), que o ser humano sem sonho é um ser sem vida, e é verdade. O maior legado que nós ocidentais recebemos como herança cultural nos foi dado pelos gregos, a imaginação fértil desse povo criou uma das mais belas histórias contadas até os dias de hoje, a história dos deuses e semideuses. Quem não gosta de ouvir as histórias sobre Aquiles, Hércules entre outros? Eu falo isso com propriedade pois, sou professora de filosofia e quando conto sobre a Teogonia (origem dos deuses) de Hesíodo, é o momento que mais tenho a atenção dos meus alunos, por que será? Mesmo sabendo que os deuses só serviram como protagonista ficcional para se explicar uma realidade que se apresentava aos gregos, ainda assim, todos querem ouvir, e sabe por que? Porque essas histórias dão asas a nossa imaginação que uma vez liberta quer desbravar novos horizontes. Pode passar cem anos e as histórias contadas pelos gregos ainda terão o mesmo efeito que no passado, um efeito purificador, capaz de despertar em nós os sonhos mais ocultos, desejos mais secretos, e a esperança renovadora do que ainda podemos ser.


Confesso que pela falta de algo melhor andei mergulhando no folhetim mexicano e percebi que esse universo vem ganhando surpreendentemente a atenção dos brasileiros, e olha que eles têm melhorado muito... mas por que será heim? Bom fiz uma rápida pesquisa sobre o enredo desse folhetim e assim como eu que não encontrei nada melhor para fazer, convido-os a tirarem suas próprias conclusões.

Enquanto não acho nada melhor nas novelas brasileiras...

Analiso as novelas mexicanas...

1. Nas novelas mexicanas, a mocinha é sempre uma coitada miserável e tudo de ruim acontece com ela, mas está sempre feliz, ela é sempre criada pela madrinha ou pelo padrinho que são muito pobres e doentes;

2. É sempre virgem, espécie em extinção em nossas novelas brasileiras não é mesmo?
Geralmente, o padrinho ou a madrinha morrem nos primeiros capítulos, deixando a pobrezinha completamente só;

3. Na Realidade, ela é sempre filha ou neta de um milionário poderoso que tenta desesperadamente encontrá-la. A procura dura mais ou menos até o final da novela;

4. Todos os homens da novela são apaixonado por ela, todo mundo ama a mocinha por sua bondade e pureza;

5.O Galã: Tem Sempre Nomes duplos como Pedro Afonso,Carlos Eduardo,Carlos Augusto ou João Guilherme. É sempre um Milionário a procura do Verdadeiro Amor;

6. A Megera: Mulher Inescrupulosa e falida que quer se casar com o mocinho/galã Sempre "arma alguma" dizendo que está grávida do mocinho, quando na verdade, o bebê é de outro. Numa Noite ela embebeda o mocinho o que o faz acreditar ser o pai da criança.

7. A Mãe é sempre uma perua que gastou o dinheiro todo do Falecido marido.
A mãe do mocinho sempre apóia a megera por achar que ela ainda é rica e do mesmo nível social.

Final da História:
A mocinha sempre se torna uma mulher deslumbrante e fina e dá emprego para todos de sua antiga vila, uma vez que a essas alturas, o pai, mãe ou avô já a encontrou e ela administra a empresa com idéias inovadoras.


Depois de muitas idas e vindas, exatamente no último capítulo, tudo se resolve: a mãe que não aprova o amor dos dois fica boazinha, o casal tem muitos filhos e a megera fica louca ou morre. Qualquer Semelhança com a Realidade é mera coincidência.

É essa baboseira que vem conquistando o público brasileiro, nem a péssima dublagem e nem a estética cafona foram suficientes para diminuir a audiência de algumas novelas mexicanas.

Acreditem! Elas estam de volta desta vez é a Record que exibirá com exclusividade o dramalhão mexicano deixando o SBT a ver navios...

Rede Globo que se cuide.....
Solares

quinta-feira, novembro 06, 2008

O HOMEM E O MITO

Transcrevendo na integra o artigo de Antônio Jorge Melo, sobre as eleições presidenciais dos Estados Unidos, vale à pena beber na fonte de sabedoria deste meu Mestre:


A vitória de um candidato democrata nas eleições americanas, no contexto atual, seria um fato normal, se o fato do eleito ser um revolucionário não o transformasse num momento histórico e especial. Um revolucionário não por ser negro, ou relativamente jovem, ou não ter vindo de uma família milionária, ou várias outras coisas que não o credenciaram como um candidato de perfil padrão à presidência americana. Um revolucionário por ser tudo isso e não usar essas "credenciais" para lhe conferirem uma instantânea superioridade moral.

Esse homem, Obama, não partiu do princípio de que ser vitimizado fosse o suficiente para torná-lo meritório, pelo contrário, trabalhou duro para conquistar oportunidades que, tenho certeza, não vieram facilmente, para se tornar uma pessoa melhor e mais preparada, estudou com excelência em Columbia e Harvard, militou por anos como advogado antes de se candidatar a senador.

Para mim o diferencial desse homem é que ele não foi eleito por ser um coitado. Ele não foi o coitado eleito para a presidência com base na crença ingênua de que é bom ter lá alguém tão coitado quanto porque assim saberá ser empático e solidário com os outros coitados, ou porque, no nosso intimo, estaríamos de alguma forma "compensando" os coitados

A eleição de Barack Obama para mim representa a esperança, a possibilidade de um novo ciclo de relacionamento entre os Estados Unidos e o mundo, ao serviço da paz, da cooperação entre os povos e de uma globalização mais justa e regulada. Mas, ao mesmo tempo em que acredito nisso, temo que a minha crença confirme a "demanda" do restante do mundo que vê os EUA como a única potência global capaz de impor ordem e segurança nesse nosso sofrido planeta, pois essa mesma idealização inspirou em George W. Bush e em muitos que o antecederam esse "poder de polícia" internacional como missão.

As raízes das crenças históricas e morais que constituem a nação americana fazem com que os EUA aceitem de bom grado a sua responsabilidade de liderar sempre uma grande missão em prol da humanidade, pois isto está encarnando naquilo que o povo americano tem de mais profundo e que se pode definir como "mitologia americana", "ideologia americana" ou coisa assim.

Para mim esse homem e a sua voz realmente representam esperança, mas agora ele é o Presidente, uma instituição, o herdeiro dos todos poderosos que o antecederam e, no futuro, legatário, na condição de homem e de cidadão, dos que o sucederão.

Que a sua eleição representa uma oportunidade de mudança para os Estados Unidos e para o mundo não tenho dúvidas...As minhas dúvidas residem no "Império", naquele império do livro de Hardt e Negri .

Tenho certeza de que o homem Obama não é tão santo nem tão gênio como muitos parecem tentados a acreditar, até porque, como me ensinou meu eterno professor Cid Teixeira: "devemos ser comedidos até nas virtudes". Mas, comparando-o com muitos outros lideres e candidatos a lideres que posam de estadistas e inspirado na minha fé na vida, na minha fé no homem e, principalmente, na minha fé no que virá... Faço coro aos companheiros: Viva Obama!


Antônio Jorge Melo

quarta-feira, novembro 05, 2008

UM SHOW DE DEMOCRACIA

As eleições americanas foi um show de democracia ontem à noite. Foi a manifestação mais rica e emocionante que poderíamos ter presenciado. A vitória de Barack Obama deu não só aos Estados Unidos, bem como todo um mundo um exemplo de civilidade e boa relação entre os vários povos. Devo confessar, que jamais na história política, havia visto tamanha manifestação cívica, onde brancos, negros, jovens e estrangeiros vibraram com a conquista da presidência americana por um negro. Infelizmente a democracia no Brasil tem outra conotação, mas lá nos Estados Unidos da América, a festa pela vitória de Obama contagiou o mundo inteiro, nos fez desejar políticos do quilate de John McCaine, que ao reconhecer sua derrota em um discurso humilde e solidário a Obama, quem dera tivéssemos políticos com discursos tão coerentes quanto o de Obama e McCaine, duas pessoas que disputaram as eleições presidenciais em alto nível.

Parabéns para Obama, homem preparado, que entra para história como o primeiro negro a assumir a Casa Branca, para o povo americano que deu exemplo de civilidade e democracia e ao adversário de Obama, McCaine que soube ser humilde, reconheceu sua derrota e num gesto generoso lamentou pela morte da avó de Obama que não pôde estar viva para vê-lo na presidência.

Quanto a nós brasileiro, eu desejo sinceramente que possamos internalizar o exemplo de civilidade e democracia dados pelos americanos, que num futuro próximo também possamos mudar a cara do nosso governante, já que somos um país, na sua maioria de negros, que a nossa política seja tão ou mais empolgante que a deles, que possamos ir as ruas num gesto cívico, e que nunca desistamos da democracia onde possamos ser verdadeiramente livres.

Foi muito bonito ver a manifestação democrática dos americanos, confesso que me emocionei e até chorei... e quem não se emocionou e não chorou?

Parabéns aos americanos!

Solares