A capacidade de amar intensamente é privilégio de poucos! Solares

"Eu tenho a alegria de dizer, nessa vida eu levo prejuízo o tempo todo, mas eu me alegro em cada prejuízo que levo, porque cada vez que eu consigo amar sem interesses, cada vez que eu posso me doar para alguém é o meu coração que ganha em qualidade e humanidade!"
Pe. Fábio de Melo

sexta-feira, dezembro 30, 2011

Sem planos para 2012...


Neste final de ano resolvi não fazer planos para 2012. Decidi, por experiência própria, que é chegada a hora de romper com os clichês de final de ano.

Para começar, nada de promessas que nunca consigo cumprir. Percebi que assim como na história da humanidade, não há rompimento entre o ano que finda e o que inicia, mas sim um momento de transição, onde tudo que você edificou no ano anterior, seja ele positivo ou negativo, servirá de base para o novo ano. Antes a visão que tinha do Réveillon era de total rompimento de tudo que viverá no ano passado, onde o ano que passou seria totalmente apagado e o que se inicia retomado do zero. Mas como disse um dia o sábio Chico Xavier: "Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim." E o rito de passagem de final deve significar para nós a possibilidade de se fazer esse novo fim.

 

Bem, depois de dois anos bem conturbados, pude evidenciar que o rito de passagem de um ano para o outro, é o mesmo que vivenciamos no nosso processo evolutivo, requer amadurecimento, paciência e compreensão. É o momento não de prometer, mas de compreender por quê? Já mencionei na postagem anterior (A filosofia por trás do Amanhecer) que as nossas escolhas também passam por esse rito e que temos de fazer escolhas com as quais possamos conviver. És o significado do Réveillon Escolhas. Quero fazer escolhas com as quais eu possa aprender e crescer se fizê-las de maneira correta, então conviver com elas não será mais tão doloroso.

É hora de sair de cena os planos padrões de final de ano para dar lugar a Esperança. Sinceramente espero que 2012 me faça uma surpresa e não faço objeções quanto a sua forma, com tanto que o aprendizado seja alcançado. Mas desejo que nas asas do que me espera no novo ano, 365 folhas em branco possam me ser ofertadas... Folhas essas que pretendo escrever diariamente no transcorrer do novo ano. Nelas, serão relatados tudo, mais tudo mesmo! Coisas boas e coisas ruins, pois em ambas sempre há o aprendizado, e edificar o novo ano nas bases daquilo que foi ruim a mim neste ano que finda, traz-me a sensação de estar mais forte... Mais madura... Mais paciente... Pronta para fazer novas escolhas com as quais possa conviver.

Se a cada dia do ano de 2012 eu receber uma folha em branco, eu poderei melhor visualizar as minhas ações, poderei aperfeiçoá-la, melhorá-la ou quem sabe vira-la, para reescrevê-la. Possibilidades! É isso que uma folha em branco nos dá, diferente de um plano listado ou transcrito no imaginário que nos revela ao final de cada ano, a infeliz ideia que fracassamos em nossos planos já que não o concretizamos totalmente. Não é esse o significado do rito de passagem entre os anos, a concretização do todo. Mas sim, o momento de transição entre eles que nos possibilita renovar e revigorar quem somos e o que fazemos, é o olhar para trás sem se envergonhar do que fizemos, é a possibilidade de fazer um novo começo com as bases que já edificamos. Escrevemos a nossa história paulatinamente, não devemos apressar o aprendizado, devemos sim, sempre estar sedento dele. Até no ato de beber água existe o aprendizado. Experimente encher a boca de água sem engoli-la enquanto alguém te diz desaforos... Exercício de paciência... Foi isso que aprendi quando enchi a minha, paciência. Claro que a paciência não está morando em mim de forma imediata, mas ela tem feito parte da minha caminhada  diariamente, tenho demorado meu olhar  nela quando exercito-a, e tenho testemunhado o quanto ela é importante. Ela nunca está só e quando se apresenta sempre traz consigo a esperança e a possibilidade ambas essenciais ao ser humano. Vou deixar que o ano que se inicia aconteça primeiro dentro de mim, como sugeriu em seu poema, um dia, Carlos Drummond de Andrade, se ela acontecer em mim, então tudo que escrever nas 365 folhas em branco que me serão dadas, revelará o curso natural da minha história e tudo que terei escolhido nesse meio tempo fará parte da minha vida, sejam elas boas ou ruins eu aprenderei conviver com elas.

Não foi só a minha turbulenta vida nesses dois anos que me proporcionou as tais folhas em branco, o meu Blog também. Talvez ele tenha sido o seu iniciador. Foi ele quem primeiramente me ensinou a escrever nas folhas.  Pois durante 365 dias (tenho o Blog desde 2006) desses 06 anos eu escrevi tudo que aconteceu em minha vida, coisas boas e coisas ruins, sem ter percebido sua intenção nesse tempo, e o interessante é que o Blog  é público, as pessoas que o visita tomam conhecimento do que você está vivendo e podem participar da sua vivência. Só agora eu percebi isso, incrível! Essa conclusão foi ficando cada vez mais clara enquanto escrevia essa despretensiosa mensagem de fim de ano para vocês, é como uma espécie de Insight. E eu estou sendo tomada, neste momento, por uma paz jamais vivenciada antes, eu só tenho a agradecer a surpresa que o ano 2011 me proporcionou, exatamente agora. E agradeço a todos vocês que vivenciaram a minha história de vida, comentando e opinando em meu Blog, tive muitas alegrais com ele, foi lá que primeiramente escrevi o texto “Por que os três mosqueteiros eram quatro?” e que depois foi publicado na revista Universo Espírita. Esse é o sentido de um Blog, por este motivo peço tanto que vocês não só visitem, mas também comentem, quando comentam meu horizonte é ampliado e não vejo somente pela minha ótica, mas também com a de vocês.

Por tudo que acabo de expor, eu opto por: Sem planos para 2012. Estou no tempo de esperas e espero pacientemente que 2012 me surpreenda, enquanto escrevo nas minhas 365 folhas em branco do meu Blog tudo que acontecerá no ano que se inicia. Espero também contar com vocês meus amigos, esse aprendizado é unilateral, eu já me abrir para essa possibilidade e você tá fazendo o que?

Desejo que o ano de 2012 reserve a vocês muitas folhas em branco e que o inesperado lhes faça uma surpresa durante os seus 365 dias.
Feliz 2012
Solares

terça-feira, dezembro 13, 2011

A filosofia por trás do Amanhecer...

Não poderia deixar de registrar aqui meus comentários acerca do novo filme da Saga Crepúsculo: Amanhecer parte 1, que estreou no dia 18/11. Como toda boa estréia, não faltaram os fãs fervorosos, filas imensas e gritos histéricos, tudo isso para prestigiar o evento mais esperado do ano: O casamento de Edward e Bella.
Eu, como boa fã e admiradora da obra literária de Stephenie Meyer, não podia deixar de comparecer ao evento, só que a minha tarefa é um pouco diferente da de vocês, é muito espinhosa, pois desde o primeiro filme senti a necessidade de registrar em meu Blog comentários críticos e curiosos acerca da obra-prima literária para a película. Como filósofa, o meu olhar ao filme não se prende somente ao romance entre os personagens, deveras enigmáticos. É muito linda a história de amor entre a mortal Bella e o imortal Edward, mas a beleza do filme não se pauta apenas no amor quase impossível deles.  É isso que pretendo mostrar nesta breve reflexão sobre o filme da Saga Crepúsculo – Amanhecer parte 1. A fã incondicional da Saga, agora, sai de cena para dar lugar ao olhar crítico da pequena filósofa.



A Saga Crepúsculo-Amanhecer parte 1 superou as minhas expectativas. Ouso dizer que para mim, este foi o melhor filme até agora. Para tanto, irei destacar alguns pontos que reforçam essa minha afirmativa.

1. A divisão do livro em duas partes - Para começar a minha análise crítica, destaco a divisão da obra Amanhecer em duas partes para a película. Foi uma sacada de mestre dos diretores e dos produtores. Claro que essa estratégia foi muito mais pelo valor milionário que a franquia vai proporcionar do que qualquer outra coisa, mas também foi por saber que Amanhecer condensa elementos consistentes abordados nos demais filmes, essenciais ao desenrolar de toda a trama, que apenas um único filme poderia comprometer e muito a originalidade da obra e o seu desfecho. O livro Amanhecer é rico em detalhes, aliás, todos os são. Mas o seu diferencial esta na divisão do livro em dois momentos decisivos para o desenrolar da história: 1. o Nascimento da híbrida Reneesme; 2. E o renascimento de Bella, agora como vampira. O primeiro narrado pelo lobo Jacob e o segundo pela humana Bella. O filme se mostrou fiel a esses detalhes e isso foi um bom começo.
  
2.  O evento mais esperado do ano: O casamento de Edward e Bella – O momento mais esperado por todos foi de muita emoção tanto para o público quanto para o elenco, isso podia ser percebido no transcorrer das cenas do casamento. Foi muito bom ver os preparativos do casamento e sua realização que teve como cenário paisagístico um ambiente natural propicio aos noivos que transbordavam felicidade, bem como todos os presentes. A beleza estética do filme não deixou passar nada, os arranjos que caíam do alto formavam uma espécie de tenda para proteger a família Cullen do sol, pois o casamento tinha que acontecer num dia ensolarado. Mas, o detalhe mais importante foi identificar em meio aos convidados, a presença daquela que jamais poderia deixar de comparecer ao tão falado casamento: a escritora da obra Stephenie Meyer. Parecia bastante feliz, mas por que não estaria? Ela tem milhões de motivos para comemorar, o sucesso estrondoso dos seus livros e a materialização destes para a película. A estética e a preservação cultural da paisagem local foram de muito bom tom e deram vida as primeiras cenas do filme.

3.  A tão esperada lua-de-mel de Edward e Bella – Muito se especulou sobre as cenas da lua-de-mel dos dois. O público queria ver cenas picantes entre os personagens, que desde o principio mantiveram sua inocência como descrita nos livros. Na verdade esse momento não teve nada de excepcional, foi totalmente previsível, pois foi supervisionado de perto pela escritora da trama, que temia a inserção de elementos picantes a cena, e que estes pudessem comprometer a postura inocente dos seus personagens. Stephenie Meyer queria que a cena fosse fiel ao livro, e foi. Com exceção dos momentos de descontração do vampiro Edward, raros desde o inicio da Saga, e de uma Bella mais ousada e sensual. Penso que preservar esse momento foi uma decisão inteligente da escritora com os diretores. A descoberta da sensualidade e da sexualidade entre os personagens foi muito saudável e bonito de se vê. A manifestação do amor na sua forma física traduziu uma questão própria do humano, o desejo. Mas se é uma questão meramente humana como traduzir o desejo de Edward se ele é um vampiro e não humano? Essa é uma das temáticas que mais me fascina na Saga. A todo instante as questões que dizem respeito à humanidade são manifestadas pelo vampiro Edward que senti e deseja como se humano fosse. Por que será? Talvez, seja porque ele possua mais humanidade do que qualquer humano, penso eu.

 4. A trilha sonora do filme - Foi uma das surpresas do filme. Ouso a chamar esse momento surpreendente de momento renascentista, pois os sonoplastas retomaram as músicas que compuseram a trilha dos demais filmes. E não fomos furtado de ouvir, no momento em que Edward e Bella faziam os votos de casamento, a música, “Bird, American Mouth”, a mesma  que os embalou no final do primeiro filme selando o amor eterno dos dois. Excelente sacada da sonoplastia, que ao trazer à tona tais músicas, nos proporcionou a visualização, em fração de segundos, da dinâmica evolutiva dos personagens do inicio da Saga até o presente momento. As músicas A Thousand Years (Christina Perri) e Turning page (Sleeping at last), se encarregaram de descrever todo sentimento do vampiro pela sua amada mortal, retratando os seus 100 anos de agonia até finalmente encontrá-la. Ambas as músicas traduzem toda trajetória percorrida por Edward para ter Bella em seus braços e amá-la por toda eternidade. Ah! esperança... Nada é mais próprio do humano do que a esperança. Novamente uma perspectiva humana se manifesta através dos sentimentos do lendário Edward. A esperança e a crença de que um dia encontraria a sua amada foi o que justificaram a sua existência. Nada o fez mais forte que o coração frágil de Bella. O interessante dessas canções é que elas trazem em sua letras trechos de falas do personagens Edward proferidas ao longo da Saga. Vocês devem estar se perguntando como é que percebi tudo isso em uma música literalmente em inglês? Essa é uma das vantagens de se assistir a filmes legendados, não se fica totalmente analfabeto da língua inglesa...

 5. A originalidade da narrativa – Aqui vai a minha mais profunda análise. Quero destacar a ousadia e a proeza dos roteiristas que souberam como ninguém transformar uma simples narrativa em diálogos eloquentes e consistentes. Como comentei anteriormente uma parte do livro Amanhecer é narrada por Jacob e a outra por Bella. Isso por vezes chega cansar quem esta lendo e é um tanto enfadonho. Mas, a estratégia dos roteiristas em transformar essa narrativa simples, por vezes densa em diálogos crescentes, criativos e de conteúdos fortes, enriqueceu e muito a trama, o que me fez conferir a ela, o status de melhor conteúdo explorado até agora, preservando assim, a originalidade dos livros. A maestria e concretude das palavras proferidas aliadas as performances dos atores deram ao filme um diferencial excepcional.

6. A surpresa do personagem Jacob – Confesso que foi a minha mais difícil análise. Falar sobre o personagem Jacob que passou os três filmes, só tirando a camisa, exibindo seu lindo peitoral e se mostrando imaturo ao longo da Saga. Foi a tarefa mais espinhosa que tive de fazer. Pensei que ele estaria fadado a este estigma para sempre. Mas, aí veio a surpresa! O ator Taylor Lautner finalmente pôde mostrar a que veio. Foi dele a maior parte dos diálogos eloquentes e consistentes e não poderia deixar de sê-lo, já que este é o narrador de uma das partes do livro. Mas o diferencial de Jacob não se firmou apenas aí. Veio na sua postura, desta vez, mais centrada capaz de defender até seu pior inimigo, os vampiros da família Cullen em prol de um bem maior, Bella. Vimos um Jacob melhorado, maduro, sem aquele ar sínico e irônico dos três últimos filmes e disposto a renunciar à Bella pela primeira vez. A carga emocional transferida ao personagem através dos diálogos fez dele, o personagem de maior destaque no Amanhecer parte 1, penso que foi justo e mais uma vez parabenizo os roteiristas que souberam valorizar como ninguém a importância do personagem para a história, fazendo dele uma peça chave ao desenrolar da trama, acabando de vez com o estigma de apenas um corpo belo e bem definido. Ao rebelar-se contra seu próprio clã, os dos lobisomens, Jacob declara sua maior idade e se mostra maduro quando não mais aceitar as ordens do Lobo Alfa, chefe da matilha, decidindo por si mesmo que é hora de fazer a coisa certa. Ao fazer isso, o personagem projeta-se a uma perspectiva ética e moral antes não alcançada. Jacob  agora sai em defesa da vida de Bella e de seu filho, bem como da vida dos Cullen, seus maiores inimigos.  Esta é outra temática bastante interessante da Saga. "O rito de passagem da fase infantil para a fase adulta", o momento de abandonar a criança que existe dentro de você para poder então, assumir responsabilidades, fazer escolhas. Esse momento foi vivenciado por Jacob com muito sofrimento. Com a chegada da fase adulta, chegaram também às questões existenciais, os conflitos próprios desta idade tomam proporções maiores, as disputas, as perdas, as conquistas e as escolhas que definem quem verdadeiramente somos tudo isso é vivenciado pelo nosso querido lobo em seu rito de passagem, e embora ele preserve sua humanidade, não consegue lidar muito bem com suas escolhas. Na verdade não é o amor por Bella que o move e o faz descobrir quem ele é de verdade, mas sim, a disputa com Edward, seu maior inimigo, essa disputa o estimula. É no território inimigo do não humano que a humanidade de Jacob se manifesta. Essa temática é a minha preferida

7.  O embate entre os clãs – Agora visto de forma mais visível. A disputa de interesses entre os clãs dos lobisomens e dos vampiros torna-se o momento de maior tensão no filme. Nos três últimos filmes, vimos que entre os clãs existe um acordo pacífico de convivência. Eles encontraram nas diferenças um meio termo de uma convivência possível num território de rivalidades. Mas no Amanhecer esse meio termo é ameaçado pela gravidez de Bella. Os vampiros buscam proteger a humanidade da personagem e convencê-la a não ter o bebê que a esta matando, tudo isso com a ajuda de Jacob. Já os lobisomens resolvem, neste momento, ignorar a humanidade da heroína em prol de algo maior: a raça humana. Eles acreditam que a escolha de Bella, em ter o bebê, pode ser uma ameaça a humanidade. Está estabelecido então, o conflito de interesses. Qual será o destino da convivência pacífica agora? A possibilidade da quebra do acordo não invalida a perspectiva ética e moral entre os clãs. Os interesses agora são distintos, e embora estejam divergindo em alguns pontos, ambos os clãs não comprometem seus princípios, dentro daquilo que consideram ser o certo. Do lado dos vampiros, a preservação da humanidade de Bella, do lado dos lobisomens a preservação da raça humana, é necessário que haja um novo meio termo que faça com que os pontos convirjam novamente, e que possa por fim ao conflito, ora estabelecido. Esse meio termo chegará com a intrigante personagem Reneesme filha de Edward e Bella. A retomada dos valores morais é o ápice da Saga. A ética e a moral fazem parte de um acordo de convivência entre humanos e não-humanos, mas são os não-humanos (vampiros) que dão um show de dignidade, decência e moralidade, perspectivas que não fazem parte da sua natureza, mas que eles têm como exemplo a ser seguido.

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8. O “Imprinting de Jacob” - Quem diria que a híbrida (vampira - humana) Reneesme seria o ponto convergente da pacificidade entre os clãs. É com ela que Jacob acabará tendo o Imprinting. Imprinting é uma espécie de amor à primeira vista, acontece quando um lobisomem encontra sua "alma gêmea". Coisa rara de acontecer, mas quando ocorre é mais forte que tudo. O lobisomem que sofre isso não consegue sair de perto da pessoa com quem teve tal ligação. Isso acontece com Jacob quando vê Reneesme filha de Bella e Edward. Esse sentimento o levará a querer proteger a sua amada e por ela será capaz de tudo até mesmo de romper com sua matilha. Jacob, a priori, tenta matá-la por acreditar que ela foi a causadora da morte de Bella, quem ele pensa ser o amor de sua vida. Mas, ao ir ao encontro da pequena híbrida (vampira - humana), e ao olhar-lhe nos olhos, Jacob é acometido por um sentimento mais forte que tudo, nesse momento ele passa a entender de uma vez por todas o significado de se ter um Imprinting. Tomado por tal sentimento, Jacob se rende aos encantos de Reneesme e será de agora em diante, o seu protetor. É esse o meio termo do qual, ambos os clãs necessitavam para por fim ao conflito. Ao ter o Imprinting, Jacob restabelece a convivência pacífica entre os clãs, e daqui para frente nenhum integrante da matilha poderá atentar contra a vida de sua escolhida (a matilha não pode tocar na pessoa alvo do Imprinting de um lobo, esta é a sua lei máxima) e da família dela, neste caso os Cullen. Ele ficará ao lado de sua protegida e a defenderá a todo custo. No Amanhecer parte 2, Jacob se unirá novamente aos Cullen para defender sua amada do clã vampiresco dos Volturi, que não acreditam que Reneesme foi gerada por Edward e Bella, mas sim transformada em vampira por eles, o que não é permitido segundo a lei daquele clã. É proibido a qualquer vampiro transformar uma criança, pois esta não é capaz de guardar em segredo a sua verdadeira natureza. És que se ergue um novo embate, só que desta vez o clã adversário é os dos Volturi. Lobos e Vampiros unidos em prol de um bem comum: Reneesme. A perspectiva ética e moral, agora, no segundo filme atinge seu ponto mais alto, os interesses convergem para algo comum aos dois clãs, preservar a vida da híbrida (vampira - humana) Reneesme. A união dos clãs se dará pelo amor e não mais pela disputa, o território inimigo, torna-se palco de um banquete onde o amor será a maior de todas as manifestações humanas e não-humanas.


Mas o que é que a Saga Crepúsculo  tem de interessante?

Muitas pessoas me perguntam o que tem de tão especial na Saga Crepúsculo, e o que me faz uma professora de filosofia gostar tanto dela já que os personagens principais são figuras lendárias saídas do imaginário humano. Eu respondo que o meu gostar do filme (mais da literatura), vai além do que está posto. Gosto da Saga Crepúsculo, classificada como temática juvenil, tão somente por nos remeter a aprendizados jamais vistos, analisados por outra ótica, geralmente na perspectiva de criaturas que não fazem parte da nossa realidade. Tal aprendizado,  é promovido por criaturas que não têm em sua natureza o dever de professar certos princípios que via de regras, são próprios da natureza humana. Vemos a todo o momento na Saga Crepúsculo, os vampiros e os lobisomens manifestarem posturas éticas e morais, não só ao que dizem respeito ao acordo firmado entre eles, mas também ao que diz respeito à preservação da raça humana. O esperado é que tais posturas devessem ser professadas por nós seres humanos, a priori seres existentes, possuidores de um conhecimento inato de valores morais, mas que insistimos em deixá-los adormecidos dentro de nós. Diante do exposto, só podemos concluir que se o código de conduta está ao lado daqueles que não deveriam professá-los, então, logo, esses códigos não existem ou estão extintos, uma vez que estes não são ineretentes a sua natureza. Relacionar valores morais com seres saídos do imaginário humano, tidos como inexistentes, equivale dizer que tais valores também não existam.

Outra perspectiva trazida pela Saga é a ideia do mito do amor romântica na figura do vampiro Edward, que é extremante romântico, fora de moda, mas que a toda hora dá exemplo do amor a ser seguido. Edward desde o primeiro filme foi mal interpretado pela sua forma libertadora de amar Bella. É na figura do vampiro  que o amor atinge seu ápice. Um amor que renuncia se preciso, um amor que não se envergonha por estar fora de moda, que não se importa com o que os outros pensam. Um amor libertador que devolve a pessoa a ela mesma o tempo todo. O personagem Edward nos ensina a verdadeira forma de amar e por isso é a todo instante ridicularizado. Por não sermos mais românticos,  achamos sua forma de amar démodé, o romantismo caiu em desuso nos dias de hoje por falta de quem o ponha em prática. O amor de Edward por Bella é considerado para os desavisados como “O mito do amor romântico” representa aquilo que se deseja, mas que nunca é alcançado. Mas uma vez a perspectiva do sentimento humano, agora o amor, na figura de um ser inexistente, lendário, nos levando a concluir, mais uma vez, a sua inexistência ou porque não dizer sua extinção, pois nós seres existentes, possíveis mantenedores de tal sentimento, não nos permitimos mais amarmos da forma romântica do personagem em questão. Isto posto, só nos resta decretar então, a extinção e o esfacelamento do amor, reflexo de uma sociedade extremamente liquida, fragilizada por relações baseadas em momentos de prazeres instantâneos, quiçá fugaz. Enquanto, somente buscarmos a liquidez momentânea dos nossos afetos, a perspectiva do amor, aqui professado pelo vampirinho camarada, continuará pautada nos alicerces do mito do amor platônico.

Mas sabe por que eu gosto mesmo da saga Crepúsculo? Porque ela retomar a minha humanidade por vezes negligenciada, e pela ideia despretensiosa da escritora Stephenie Meyer em trazer à tona temas próprios da nossa natureza humana, vistas por uma ótica nada humana, nos permitindo, assim uma reflexão profunda acerca da prática daquilo que via de regras nos pertence naturalmente. Ao transferir princípios meramente humanos a criaturas do imaginário humano, a referida escritora busca, acredito eu, despertar em nós a necessidade de retomá-los para que possamos, um dia,  sermos provedores de uma convivência pacífica entre seres da mesma raça, porém em territórios diferentes. As diferenças existem isto é fato. Não há entre nós clãs inexistentes, mas existe um clã evidente, da raça humana. Mas insistimos na disputa sem sentido, e nos tornamos uns inimigos dos outros dentro desse clã. Fragilizamos os nossos sentimentos e os elevamos ao patamar de platônico, sentir é vergonhoso, inalcançável, ainda mais dessa forma proposta pela figura lendária do vampiro Edward. Ninguém quer ser mais o último romântico, por medo de cair no ridículo e se expor de forma humilhante. Quem diria que o amor fosse se tornar sinônimo de humilhação! Fragilizado os laços, sejam eles, amigáveis, amorosos, sociáveis, cai-se naquilo que chamo de desuso e por fim o inevitável acontece... A decretação da falência, por completo de tais sentimentos, tudo pela falta de um meio termo que pacifique a nossa convivência meramente humana. Vendo por essa ótica percebo que estamos longe do proposto pelos clãs (inexistentes) do filme. Mas, como bem disse um personagem do filme “O dia em que a terra parou”,  em um breve diálogo: 'Nós seres humanos, só aprendemos quando estamos no precipício'. Quer saber? Nós já chegamos nele, mas onde foi parar o aprendizado!

Eu acredito que um dia, seremos capazes de abarcar os ensinamentos contidos na obra da escritora Stephenie Meyer e compreender que é nas diferenças que crescemos. Isso aconteceu com Jacob e Edward que sempre margearam o limite do acordo, sem nunca terem comprometido suas posturas. Com o acordo entre os clãs eles puderam amadurecer ao longo da Saga, nenhum dos dois é o mesmo desde então. A convivência pacífica entre os diferentes é possível desde que respeitemos nossos limites e os dos outros. Acredito também no amor ideal dentro de uma perspectiva do que é real trazido pelo filme. O que acontece é que confundimos ideal com perfeição, o ideal é possível desde que visualizemos os limites uns dos outros e os aceitemos, então o ideal sai da ideia e se trona real. Diferente da perfeição, que não admite a visualização de um fator limitador, pelo contrário, só permite a contemplação do que é perfeito, sem deformidade.  A personagem Bella escolheu o desafiou de tornar o ideal em real, optou por Edward, corpo franzino, pálido, altamente maduro, e extremamente romântico (fora de moda), em detrimento do corpinho bem definido, da imaturidade e da forma egoísta de amar de Jacob. É o desejo tomando forma no campo da impossibilidade (no campo da ideia).

Se você aprendeu com Edward que a forma certa de amar é aquela em que libertamos o outro mesmo quando isso nos doa, que amar é devolução do ser a ele mesmo o tempo todo, que vale a pena manter intacta certas regras (valores morais), então experimente fazer disso algo concreto, existente, consistente e uma constante em sua vida, talvez, quem sabe um dia, você seja surpreendido com um sentimento maior e mais forte que tudo chamado de “Imprinting”.

A Saga Crepúsculo é um misto de situações que se bem compreendidos podemos, dela tirar as melhores lições. A Saga está longe de ser um conto meramente juvenil, é mais um manual de possibilidades desafiando a impossibilidade, pois aborda temas existenciais mesclados aos imaginários, sem, contudo desprezar o perecível. O rito de passagem da infância para a fase adulta, as disputas, as conquistas, as perdas, a descoberta do amor, o poder como forma de opressão, os valores morais, tudo condensado no território das escolhas humanas. Fazer escolhas também é um rito de passagem, ao fazê-las toda sua vida será transformada, quer seja com coisas boas ou ruins, tudo isso faz parte de um aprendizado, é o amadurecimento tomando seu lugar. A escolha é uma via dupla, não tem como fazê-la sem que tenhamos uma consequência, portanto faça escolhas com as quais possa conviver. Essa é a maior lição que tirei da Saga Crepúsculo.

Bem essas foram as minhas considerações acerca do novo filme da Saga, espero que tenham gostado dos comentários. Para aqueles que ainda não assistiram ao filme dois conselhos: 1. Assista somente a filmes legendados, pode ser chato, mas, traduzem melhor sua essência; 2. Nunca assista a um filme sem antes se perguntar o que ele pretende lhe revelar, para isso utilize a dúvida metódica do filósofo Descartes, divida seus questionamentos em quantas partes forem necessárias, demore seu olhar naquilo que é importante compreender na película, busque o pano de fundo e observe seu desenrolar, preste atenção nos diálogos às vezes em 15 minutos de fala traduz-se toda uma trama e por fim, esqueça toda a tecnologia que o filme te oferece, desnude-o, declare sua nudez, enxergue  além daquilo que está posto, deixe de ser um simples expectador para ser um observador. Lembrem-se, os filmes atuais são os maiores veículos de fabricação de massa, fazedores de senso comum. Não leve para o templo do seu saber esse senso comum, não permita que a visão unilateral de um conhecimento fabricado tome conta de você. É isso...
Até a próxima!
Solares
"Não despreze nenhuma forma de conhecimento, ainda que lhe pareça fútil e débil. São nas perspectivas fúteis e débeis que pedras preciosas costumam se esconder. Nada é tão imbecil que não contenha em si um elemento inato pronto para ser despertado e apreendido."
Solares

"A infância  não vai do nascimento até certa idade, e a certa altura a criança está crescida, deixando de lado as coisas de criança. A infância é o reino onde ninguém morre."  (Extraído do livro amanhecer)
Edna St. Vincent Millay