Não
poderia deixar de registrar aqui meus comentários acerca do novo
filme da
Saga
Crepúsculo:Amanhecer parte 1,
que estreou no dia 18/11. Como toda boa estréia, não faltaram os
fãs fervorosos, filas imensas e gritos histéricos, tudo isso para
prestigiar o evento mais esperado do ano:
O
casamento de Edward e Bella.
Eu,
como fã e admiradora da obra literária de
Stephenie
Meyer,
não
podia deixar de comparecer ao evento, só que a minha tarefa é um
pouco diferente da de vocês, é muito espinhosa, pois desde a
primeiro franquia senti a necessidade de registrar em meu Blog
pensamentos críticos e curiosos acerca da trasnposição da
obra-prima para a película.
Como
filósofa, o meu olhar cinematográfico não se prende somente ao
romance entre os personagens, muito embora a linda história de amor
entre a mortal
Bella
e
o imortal
Edward
sempre foi o seu ponto mais alto. A beleza da projeção vai além
disso. E é sobre o diferencial contido neste romance que pretendo
discursar.
Neste momento, a
fã incondicional, sai de cena para dar lugar
ao
olhar crítico da pequena filósofa.
Para
começar, Amanhecer parte 1
superou
as minhas expectativas. Ouso dizer que para mim este foi o melhor
filme até agora. Para tanto, irei destacar alguns pontos que
reforçam essa minha afirmativa.
1.
A divisão do livro em duas partes
–
Ao iniciar a minha análise crítica, destaco a ideia visonária dos
produtores em dividir o
conto fabuloso em
duas partes para o cinema. Estratégia essa que foi muito mais pelo
valor milionário que a franquia renderia do que, pela falta que
faria aos seus fãs. É importante ressaltar a necessidade desse
artifício nas telas. Embora não exista em livro Amanhecer
parte 1 e 2, a obra condensa em si dois momentos distintos, porém
essenciais ao desenrolar toda a trama. Talvez, arriscar seu final
num pequeno espaço de tempo poderia comprometer toda a Saga. Com
riqueza detalhes o livro aborda dois pontos no tempo: 1. o
Nascimento da vampira-humana Reneesme; e 2. A adaptação de Bella
à sua nova existência como imortal. O primeiro, é narrado pelo
lobo Jacob e o segundo pela vampira
Bella.
Ambos fidelizadospelo cinema.
2.
O evento mais esperado do ano:
O casamento de Edward
e Bella
–
O
acontecimento mais aguardado por todos foi de muita emoção tanto
para o público quanto para o elenco, isso podia ser percebido no
transcorrer das cenas do casamento. Foi muito bom ver seus
preparativos e sua realização que teve como cenário paisagístico
um ambiente natural, propicio aos noivos que transbordavam de
felicidade, bem como todos os presentes. A beleza estética do
cenário não deixou passar nada despercebido, os arranjos que caíam
do alto formavam uma espécie de tenda para proteger a família
Cullen
do
sol, pois o casamento tinha que acontecer num dia ensolarado. Mas, o
detalhe mais importante foi identificar em meio aos convidados, a
presença daquela que jamais poderia deixar de comparecer ao tão
falado casamento: Stephenie Meyer, a idealizadora da trama. Tudo
estava perfeito.
3.
A lua-de-mel de Edward e Bella no Rio de Janeiro
– Muito se especulou sobre como seria a lua-de-mel dos dois. O
público angustiado, imaginava que a primeira noite deles fosse
bastante ousada. Mas tudo correu como planejado pela autora da
fábula, que temendo a inserção de elementos picantes à relação
intima do casal, e que estes pudessem comprometer a sua inocência,
supervisionou de perto a sucessão das cenas. Essa postura garantiu
a exatidão de sua narrativa. A surpresa ficou por conta da
descontração do vampiro
Edward
(comportamento
raro) e da tímida Bella
em mostrar o seu lado sensual. Penso, que a postura da escritora em
resguardar a ingenuidade daquele ponto no tempo, foi uma atitude
bastante inteligente. A inexperiência dos noivos os levou a
descobrir o amor físico dentro de uma perspectiva poética. O
desejar. Se este é uma questão meramente humana como traduzí-lo
aos olhos de um imortal?
Na
série, essa é a minha temática prefrida. As questões que dizem
respeito à humanidade e que são manifestadas por diversas vezes
pelo vampiro
Edward,
que
senti e deseja, como se humano fosse. Enquanto Bella
renega
essa condição por querer ser uma vampira. Sem falar na tentativa
dele de dissuadí-la dessa ideia expondo os dissaboreces em ser um
imortal. (tese
1)
4.
A trilha sonora do filme –
Excelente!.
A sonoplastia congregou as músicas dos 03 (três) primeiros filmes
neste. Nos fazendo reavivar todos os acontecimentos importantes
envolvendo Bella e Edward do antes até o agora. E não fomos
furtado de ouvir, quando o casal faziam seus votos, a música,
“Bird,
American Mouth”,
a mesma que os embalou no final da primeira fita. Excelente
percepção dos produtores, que ao trazer à tona tais músicas, nos
proporcionou a visualização em sequência de cenas inesquecivéis,
projetadas à dinâmica evolutiva dos personagens. As músicas,
A
Thousand Years (Christina Perri) e Turning page (Sleeping at last),
inéditas, se juntaram as demais e trouxeram a ávida tarefa de
esboçar em suas letras todo
sentimento do vampiro pela sua amada mortal, narrando os seus 100
anos de agonia para enfim encontrá-la. Novamente uma perspectiva
humana se manifesta através dos sentimentos de um vampiro.
A
esperança e a crença de que um dia encontraria a sua amada foi o
que justificaram a sua existência e a tornou extraordinária. Nada
o fez mais forte que o coração frágil de
Bella.
O interessante dessas canções é que elas trazem em em si trechos
de falas de Edward,
proferidas
ao longo da Saga.
Vocês devem estar se
perguntando como é que percebi tudo isso em uma música literalmente
em inglês? Essa é uma das vantagens de se assistir a filmes
legendados, não se fica totalmente analfabeto da língua inglesa...
5.
A originalidade da narrativa –
Aqui
vai a minha mais profunda análise. Quero destacar a audácia e a
proeza dos roteiristas que souberam como ninguém transformar uma
simples narrativa em diálogos eloquentes e consistentes. Como
comentei anteriormente uma parte do livro é narrada por
Jacob
e
a outra por
Bella,
o que às vezes se torna um tédio. Mas, a estratégia desses
profissionais, em transformar relatos simples e por vezes densos em
diálogos crescentes, criativos e de conteúdos fortes, enriqueceu e
muito a trama, o que me fez conferir a ela, o status de melhor
conteúdo explorado até agora, preservando assim, a originalidade
dos livros. A maestria e concretude das palavras proferidas aliadas
as performances dos atores deram ao filme uma grande proporção.
6.
A surpresa do personagem Jacob
–
Confesso que foi a minha mais difícil análise. Discorrer sobre a
figura do drama
Jacob,
que
passou pelas 03 (três) séries, só tirando a camisa e exibindo seu
lindo peitoral e se mostrando imaturo, foi a tarefa mais árdua que
tive de fazer. Pensei que ele estaria fadado a este estigma para
sempre. Mas, aí fui surpreendida! O ator
Taylor
Lautner
finalmente
pôde mostrar a que veio. Foi dele a maior parte dos diálogos
eloquentes e consistentes e não poderia deixar de sê-lo, já que
este é o narrador da primeira parte. Mas o seu diferencial
não
se firmou apenas aí. Surgiu na sua postura, desta vez, mais
centrada capaz de defender até seu pior inimigo, o clã
dos
Cullen,
em
prol de um bem maior,
Bella.
Desta vez, vimos o lobo Jacob
mais
maduro,
melhorado, sem aquele ar cínico e irônico de antes e pronto para
abrir mão da sua mada pela primeira vez. A carga emocional
transferida a ele através das conversações, fez do seu
personagem a pessoa de maior destaque na intriga, além de ter sido
mais valorizado em cena. Ao rebelar-se contra seu próprio clã, os
dos lobisomens,
Jacob
declara
sua maior idade e se mostra adulto quando não mais aceitar as
ordens do
Lobo
Alfa,
chefe da matilha, e decidindo por si mesmo que é hora de fazer a
coisa certa. Ao fazê-lo, uma perspectiva ética e moral é
postulada.
O inimigo natural dos vampiros, sai
em defesa detes e da preservação da vida de Bella,
o que não é muito comum entre os clãs divergentes. Esta é outra
temática bastante interessante as er explorada.
"O
rito de passagem da fase adolescente para a fase adulta",
o momento de abandonar a criança que existe dentro de você para
poder então, assumir responsabilidades, fazer escolhas. Uma visão
muito interresante do crescimento humano na obra da autora. Para
Jacob
que vive isso
com
muito sofrimento, a chegada da maior idade, se revela nas questões
existenciais através dos conflitos, próprios da idade, naas
disputas, nas perdas, nas conquistas e nas escolhas que definem quem
realmente somos. Experiência essa, que ele consegue passar com
êxito, porém não lidar bem com suas escolhas. Na verdade não é
o amor por
Bella
que
o move e o faz descobrir sua real essência, mas sim, a disputa com
Edward,
seu
maior inimigo. É no território inimigo do não humano que a
humanidade de
Jacob
se
manifesta. (tese
2)
7.
O embate entre os clãs
–
Agora visto de forma mais visível. A disputa de interesses entre os
clãs dos lobos e dos vampiros torna-se o ponto de maior tensão.
Inicialmente nas 03 (três) narrativas, vimos que entre eles existe
um acordo pacífico de convivência, que encontraram nas diferenças
um meio termo de uma relação possível num território de
rivalidades. Mas, no Amanhecer
parte 1,
essa relação
é ameaçado pela gestação de
Bella.
Os vampiros buscam proteger a sua humanidade convencendo-a a não
levar a gravidez adiante com a ajuda de seu amigo lobo. Já a
matilha resolve, diante do perigo iminente, ignorar a humanidade da
heroína já que o feto a esta matando, em prol de algo maior:
proteger a
raça humana e a sua espécie. Eles acreditam que a escolha de
Bella,
em
ter o bebê, pode ser uma ameaça a humanidade. Ergue-se então, o
conflito de interesses. Qual será o destino da convivência
pacífica agora? A possibilidade da quebra do acordo não invalida a
perspectiva ética e moral entre as famílias. Os interesses agora
são distintos, e embora estejam divergindo, lobos e vampiros não
comprometem seus princípios, dentro daquilo que consideram ser o
certo. Faz-se necessário, um novo meio termo. Que faça com que os
pontos convirjam novamente, e que possa por fim ao conflito, ora
estabelecido. Por certo, ele chegará com o nascimento de
Reneesme,
a vampira-humna,
filha
de Edward
e Bella.
A retomada dos valores morais será o ponto chaveda próxima
película.
A
ética e a moral fazem parte de um acordo de convivência entre
humanos e não-humanos, mas são os não-humanos (vampiros) que dão
um show de dignidade, decência e moralidade, praticas que não
fazem parte da sua natureza, mas que eles têm como exemplo a ser
seguido. (tese 3)
8.
O
“Imprinting de Jacob” -
Quem
diria que a vampira – humana, Reneesme
seria
o ponto convergente da pacificidade entre os grupos. É com ela que
Jacob
acaba
tendo o
Imprinting.
Imprinting
é
uma espécie de amor à primeira vista, acontece quando um lobo
encontra sua "alma gêmea". Coisa rara de acontecer, mas
quando ocorre é irresistível. O lobo tocado dessa forma, não
consegue sair de perto da pessoa com quem tem a ligação. Esse
sentimento o levará a querer protege-la e por ela será capaz de
tudo, até mesmo de romper com sua matilha.
Jacob,
a
priori, tenta matá-la por acreditar que esta foi a causadora da
morte de
Bella,
quem ele pensa amar. Mas, ao ir ao encontro dela, e ao olhar-lhe nos
olhos,
é
acometido por um sentimento mais forte que tudo. Nesse momento ele
passa a entender o significado do verdadeiro amor. A pessoa alvo do
Imprinting não pode ser tocada, nem mesmo a matilha pode machucá-la.
Esse o meio termo do qual, os clãs necessitavam para por fim ao
conflito. Por conta disso, uma nova relação harmônica se ergue.
Daqui
para frente nenhum integrante da matilha poderá atentar contra a
vida de sua protegida (lei absoluta) e da família dela, neste caso
os
Cullen.
Ele ficará ao lado dela e a defenderá com o risco da própria
morte.
No
filme que se segue (Amanhecer
parte 2),
Jacob
estará
mais que unido
aos
Cullen
na defesa das sua pequena contra clã mais antigo, líder da
sociedade dos vampiros, os
Volturi.
Que
não acreditam que
Reneesme
foi
gerada, mas sim transformada, o que não é permitido segundo as
leis deles. É proibido a qualquer vampiro transformar uma criança,
pois esta não é capaz de guardar em segredo a sua verdadeira
natureza. Está por vir um novo embate, só que desta vez o clã
adversário é os dos
Volturi.
Lobos e Vampiros
unidos
novamante, em prol de um bem comum:
Reneesme.
O acordo de convivência dos dois grupos,
no segundo filme da franquia, atinge seu ponto mais alto, os
interesses convergem para algo comum as família (Reneesme),
mas uma aliança entre elas pode a quebra de uma lei ainda maior para
a sociedade mais antiga dos vampoiros
(Volturi).
Esperemos ansiosos pelo Amanhecer parte 2!
Como
o amor sempre foi o ponto mais alto da história, será por ela que
se dará a
união dos clãs, a disputa da posse dele deixará de existir e o
território inimigo torna-se-á o palco de um banquete onde o amor
será a maior de todas as manifestações humanas e não-humansa.
(tese 4)
Mas
o que é que a Saga Crepúsculo tem de interessante?
Muitas
pessoas me perguntam o que tem de tão especial nela, e o que me faz
uma professora de filosofia gostar tanto já que os personagens
principais são figuras lendárias saídas do imaginário humano.
Afirmo que o meu gostar perpassa o horizonte da temática juvenil do
conto fabuloso para alcançar a narrativa literária que nos remeter
a aprendizados. Aprendizados professados por criaturas que não
existem e que buscam de toda forma encontrar um código de conduta
para a convivência entre elas, ou melhor, entre os inimigos naturais
(lobos e vampiros). Se voltarmos um pouco mais para a obra principal
iremos perceber que tal código sempre esteve ao lado desses seres. A
humana presente na intriga deixa um pouco a desejar já que renega
sua condição por desejar ser como seu amado. Ele, por sua vez,
deseja que a sua amada preserve essa condição, valorizando e dando
a devida importância àquilo que um dia ele foi.
Esta
consciência explicitada pelo Vampiro Edward é algo próprio da
natureza humano, o que se espera de um vampiro é que ele exerça o
seu instino natural e não o extraordinário. Mas essa prática
parece ser algo inato a ele, enquanto que para nós humanos,
mantê-lo adormecido parec ser o melhor para nós. Se algum dia a
involução humana fosse uma possibilidade a nossa existência,
ariscarria dizer que estamos perto dela diante do que aqui expôs.
Humanos evoluem em escala, sers mitológicos não. Essa hipotése
trazida pela autora Stephanie Meyers, foi muito interessante e
reflexiva para mim, essa suposição me leva a pensar que se
verdadeiro for todas as minhas teses, então um dia, principios e
valores, fatores meramente humanos, serão suscetivéis à
compreensão por parte dos animais irracionais. (tese 5)
O
outro ensinamento fica por conta do AMOR. O amor de Edward por Bella,
fez dele um romântico incorrigível, comportamento que nos dias
atuais está fora de moda. A expressão máxima do amor foi
eternizada pela sua figura.
Quem não desejou ser amado daquele jeito? Numa atitude altruíta de
devolver a sua amada a ela mesma quando a renunciou, quando a deixou
em prol da sua segurança e quando até mesmo não se comodou quando
ela ficou indecisa entre ele e Jacob... O vampirinho camarada
depretenciosamente nos ensinou a verdadeira face do amor e passou a
ser o cara mais desejado da indústria cenográfica. E ridicularizado
por isso também!
O
amor pleno de Edward é classificado por mim como o “mito do amor
romântico”, que representa aquilo que se deseja, mas que se torna
impossível de ter. Com base nisso, acreditamos que o amor ideal
jamais se trona real. Isso porque a nossa concepção sobre ele,
parte de uma compreensão de perfeição. Isso é típico das
mulheres que querem muito o “Edward - o perfeito”, mas por ele
não existir, ficam com o “Jacob - o imperfeito”, o primeiro ama
incondicionalmente o segundo egoisticamente. Optamos pelo amor
egoísta na esperança que o amor perfeito um dia aconteça, mas ele
nunca virá se assim estiver pautado. Dessa forma, só fragilizaremos
ainda mais as nossas relações que resulta de um sentimento líquido.
(tese 6)
Considerações
finais
Mas
sabe por que eu gosto mesmo da
saga
Crepúsculo? Porque ela retomar a minha humanidade por vezes
negligenciada, e pela ideia despretensiosa da autora
em
trazer
à tona temas próprios da nossa natureza humana, vistas por uma
ótica nada humana, nos permitindo, assim uma reflexão profunda
acerca da prática daquilo que via de regras nos pertence
naturalmente. Ao transferir princípios meramente humanos a criaturas
do seu imaginário, a referida escritora
busca,
acredito eu, despertar em nós a necessidade de retomá-los para que
possamos, um dia, sermos merecedores de uma convivência pacífica
entre seres da mesma espécie, ainda que em territórios diferentes.
As diferenças existem isto é fato. Não há entre nós clãs
diferente ou fictícos, mas existe um clã evidente, o da raça
humana.
Mas,
infelizmente insistimos na disputa sem sentido, e nos tornamos uns
inimigos dos outros dentro dele. Fragilizamos os nossos sentimentos e
os elevamos ao patamar de platônico, sentir é vergonhoso,
inalcançável, ainda mais dessa forma proposta pela figura lendária
do vampiro
Edward.
Ninguém
quer ser mais o último romântico, por medo de cair no ridículo e
se expor de forma humilhante. Quem diria que o amor fosse se tornar
sinônimo de humilhação! Fragilizado os laços, sejam eles,
amigáveis, amorosos, sociáveis, cai-se naquilo que chamo de desuso
e por fim o inevitável acontece... A decretação da falência, por
completo de tais sentimentos, tudo pela falta de um meio termo que
pacifique a nossa convivência meramente humana. Vendo por essa ótica
percebo que estamos longe do proposto pelas figuras ilustres (losbos
e vampiros) do filme. E continuamos caminhando rumo ao inalcancável!
Eu
acredito que um dia, seremos capazes de abarcar os ensinamentos
contidos na obra da escritora Stephenie Meyer
e
compreender que é nas diferenças que crescemos. Isso aconteceu com
Jacob
e
Edward
que
sempre margearam o limite do acordo, sem nunca terem comprometido
suas posturas. Com o acordo entre suas famílias, eles puderam
amadurecer ao longo da história, nenhum dos dois é o mesmo desde
então. A convivência harmônica entre os diferentes é possível
desde que respeitemos nossos limites e os dos outros. Acredito também
que o amor ideal possa uma dia se tornar real dentro da aceitação
dos limites humano. Aquilo que se aspira, poderá um dia ser concreto
quando não mais confundido com perfeição. O que se quer é
possível desde que visualizemos os limites uns dos outros e os
aceitemos, então o imaginado sai da ideia e se torna realidade.
Diferente da perfeição, que não admite a visualização de um
fator limitador, pelo contrário, só permite a contemplação do que
é perfeito, sem deformidade. Bella
escolheu
o desafio de tornar o seu ideal real, optou pelo
amor de Edward,
o perfeito com limites ao invés do amor fragilizado de
Jacob.
É o desejo tomando forma no campo da impossibilidade.
Se
você compreendeu
que
a forma certa de amar é aquela em que libertamos o outro mesmo que
isso nos doa, que amar é devolução do ser a ele mesmo o tempo
todo, que vale à pena manter intacta certas regras (valores morais),
então, a narrativa literária cumpriu o seu papel. Experimente
fazer disso algo concreto, presente, consistente e uma constante em
sua vida, talvez, quem sabe um dia, você seja surpreendido com um
sentimento maior e mais forte que tudo chamado de
“Imprinting”.
A saga Crepúsculo é
um misto de situações que se bem compreendidos podemos, dela tirar
as melhores lições. Ela está longe de ser um conto meramente
juvenil, é mais um manual de possibilidades desafiando a
impossibilidade, pois aborda temas existenciais mesclados aos
imaginários, sem, contudo desprezar o perecível. O rito de passagem
da infância para a fase adulta, as disputas, as conquistas, as
perdas, a descoberta do amor, o poder como forma de opressão, os
valores morais, tudo condensado no território das escolhas humanas.
Fazer escolhas também favorece ao rito, pois ao fazê-las toda sua
vida será transformada, quer seja com coisas boas ou ruins, tudo
isso faz parte de um aprendizado, é o amadurecimento tomando seu
lugar. A escolha é uma via dupla, não tem como fazê-la sem que
tenhamos uma conseqüência, portanto faça escolhas com as quais
possa conviver. Essa é a maior lição que tirei de todo esses
acontecimentos.
Bem
essas foram as minhas considerações acerca do novo filme da Saga,
espero que tenham gostado dos comentários. Para aqueles que ainda
não assistiram ao filme dois conselhos: 1. Assista somente a filmes
legendados, pode ser chato, mas, traduzem melhor sua essência; 2.
Nunca assista a um filme sem antes se perguntar o que ele pretende
lhe revelar, para isso utilize a dúvida metódica do filósofo
Descartes, divida seus questionamentos em quantas partes forem
necessárias, demore seu olhar naquilo que é importante compreender
na película, busque o pano de fundo e observe seu desenrolar, preste
atenção nos diálogos às vezes em 15 minutos de fala traduz-se
toda uma trama e por fim, esqueça toda a tecnologia que o filme te
oferece, desnude-o, declare sua nudez, enxergue além daquilo que
está posto, deixe de ser um simples expectador para ser um
observador. Lembrem-se, os filmes atuais são os maiores veículos de
fabricação de massa, fazedores de senso comum. Não leve para o
templo do seu saber esse senso comum, não permita que a visão
unilateral de um conhecimento fabricado tome conta de você. É
isso...
Até
a próxima!
Solares
"Não
despreze nenhuma forma de conhecimento, ainda que lhe pareça fútil
e débil. São nas perspectivas fúteis e débeis que pedras
preciosas costumam se esconder. Nada é tão imbecil que não
contenha em si um elemento inato pronto para ser despertado e
apreendido."
Solares
"A
infância não vai do nascimento até certa idade, e a certa altura a
criança está crescida, deixando de lado as coisas de criança. A
infância é o reino onde ninguém morre." (Extraído do livro
amanhecer)
Edna
St. Vincent Millay