Diante da polêmica confissão de um padre em se declarar casado e do mesmo afirmar que este fato não o impedia de exercer o sacerdócio, resolvi esclarecer os pontos que envolve esta questão, ou melhor, o CELIBATO. E ninguém melhor que o pe. Fábio de Melo para tratar essa questão. Ele explica a sua opção pelo CELIBATO, defendendo esta condição para o exercício do sacerdócio com respeito e dignidade para com seus divergentes. Abaixo transcrevo na integra comentário feito pelo pe. Fábio em seu BLOG, sobre a polêmica que se estabeleceu frente as declaração do padre Oziel, que no programa “Fantástico” da Rede Globo fez a seguinte declaração: "Quem quiser ser celibatário, seja celibatário. Quem quiser se casar, casa".
BLOG DO PADRE FÁBIO
27/11
A graça de ser só
Ando pensando no valor de ser só. Talvez seja por causa da grande polêmica que envolveu a vida celibatária nos últimos dias. Interessante como as pessoas ficam querendo arrumar esposas para os padres. Lutam, mesmo que não as tenhamos convocado para tal, para que recebamos o direito de nos casar e constituir família.
Já presenciei discursos inflamados de pessoas que acham um absurdo o fato de padre não poder casar.
Eu também fico indignado, mas de outro modo. Fico indignado quando a sociedade interpreta a vida celibatária como mera restrição da vida sexual. Fico indignado quando vejo as pessoas se perderem em argumentos rasos, limitando uma questão tão complexa ao contexto do “pode ou não pode”.
A sexualidade é apenas um detalhe da questão. Castidade é muito mais. Castidade é um elemento que favorece a solidão frutuosa, pois nos coloca diante da possibilidade de fazer da vida uma experiência de doação plena. Digo por mim. Eu não poderia ser um homem casado e levar a vida que levo. Não poderia privar os meus filhos de minha presença para fazer as escolhas que faço. O fato de não me casar não me priva do amor. Eu o descubro de outros modos. Tenho diante de mim a possibilidade de ser dos que precisam de minha presença. Na palavra que digo, na música que canto e no gesto que realizo, o todo de minha condição humana está colocado. É o que tento viver. É o que acredito ser o certo.
Nunca encarei o celibato como restrição. Esta opção de vida não me foi imposta. Ninguém me obrigou ser padre, e quando escolhi o ser, ninguém me enganou. Eu assumi livremente todas as possibilidades do meu ministério, mas também todos os limites. Não há escolhas humanas que só nos trarão possibilidades. Tudo é tecido a partir dos avessos e dos direitos. É questão de maturidade.
Eu não sou um homem solitário, apenas escolhi ser só. Não vivo lamentando o fato de não me casar. Ao contrário, sou muito feliz sendo quem eu sou e fazendo o que faço. Tenho meus limites, minhas lutas cotidianas para manter a minha fidelidade, mas não faço desta luta uma experiência de lamento. Já caí inúmeras vezes ao longo de minha vida. Não tenho medo das minhas quedas. Elas me humanizaram e me ajudaram a compreender o significado da misericórdia. Eu não sou teórico. Vivo na carne a necessidade de estar em Deus para que minhas esperanças continuem vivas. Eu não sou por acaso. Sou fruto de um processo histórico que me faz perceber as pessoas que posso trazer para dentro do meu coração. Deus me mostra. Ele me indica, por meio de minha sensibilidade, quais são as pessoas que poderão oferecer algum risco para minha castidade. Eu não me refiro somente ao perigo da sexualidade. Eu me refiro também às pessoas que querem me transformar em “propriedade privada”. Querem depositar sobre mim o seu universo de carências e necessidades, iludidas de que eu sou o redentor de suas vidas.
Contra a castidade de um padre se peca de diversas formas. É preciso pensar sobre isso. Não se trata de casar ou não. Casamento não resolve os problemas do mundo.
Nem sempre o casamento acaba com a solidão. Vejo casais em locais públicos em profundo estado de solidão. Não trocam palavras, nem olhares. Não descobriram a beleza dos detalhes que a castidade sugere. Fizeram sexo demais, mas amaram de menos. Faltou castidade, encontro frutuoso, amor que não carece de sexo o tempo todo, porque sobrevive de outras formas de carinho.
É por isso que eu continuo aqui, lutando pelo direito de ser só, sem que isso pareça neurose ou imposição que alguém me fez. Da mesma forma que eu continuo lutando para que os casais descubram que o casamento também não é uma imposição. Só se casa aquele que quer. Por isso perguntamos sempre – É de livre e espontânea vontade que o fazeis? – É simples. Castos ou casados, ninguém está livre das obrigações do amor. A fidelidade é o rosto mais sincero de nossas predileções.
Padre Fábio de Melo
Site: http://www.fabiodemelo.com.br/
3 comentários:
Eu mesmo vou dá o ponta - pé inicial para os comentários a respeito da postagem do pe. Fábio. Sei que vcs vão dizer que eu sou suspeita para falar dele, pois, a minha admiração pela sua pessoa acabou por me tornar sua fã. Mas não é nada disso. Como vcs sabem, ou não sabem(ficarão sabendo agora), eu tenho alguns traumas com relação a padres, não tive boas experiências com eles. Mas no caso do pe. Fábio, fui forçada a me retratar sobre esse pensamento que por muito tempo fez parte de minha vida. Faz tempo que a pergunta sobre: por que os padre não podem casar? Ronda o nosso imaginário, muito se quis saber o por quê a igreja católica instituiu o celibato como obrigação. Eu não saberia responder o por quê? - Não porque me sinta incapaz de tecer comentários, muito pelo contrário, mas porque não possuo subsídios suficientes para falar sobre tal assunto. Eu acredito que essa pergunta visitou por muito tempo e ainda visita, muito mais o imaginário feminino, a mulher acredita que aquilo que é proibido necessita ser tentado, é como uma espécie de prova pelo qual os padres deveriam passar, pois víamos eles como algo inatingível.
Confesso que também por muitas vezes me peguei fazendo a mesma pergunta, mas ao contrário das demais pessoas (sempre fui precoce) a minha pergunta nunca foi infértil sempre pensei assim como pe. Fábio, que o celibato estava além da restinção ao sexo, assim como também ser virgem é muito mais que possuir um imem, e é bom que isso fique claro também, pois a igreja ainda condena e nos ver, nós mulheres, por possuirmos ou não um imem. Existem mulheres que são virgens e parecem ser mais impuras do que as que não são mais, tudo é uma questão de “pele”. Fico muito feliz em ver o pe. Fábio falar do celibato como algo que extrapola a questão sexual, concordo plenamente com ele. A explicação que o refrido padre nos dá é bastante coerente e faz muito sentido. O celibato é uma opção, diz ele, e seria muito bom que a igreja católica também se convencesse disso, pois sabemos que a exigência do celibato, pela igreja católica, no que se refere a nossa história, está ligado as questões políticas, assim conta a nossa história que agora não vem ao caso. O que importa aqui é a análise da postagem do pe. Fábio, em resposta a polêmica causada pelo pe. Oziel( e demais padre que se encontram na mesma situação), que se declarou casado publicamente e confirma que este fato não muda em nada a sua vocação. O que podemos observar na presente postagem é a confissão de um padre que não despreza sua condição humana, e que ainda assim tem convicção de sua escolha e jamais pretende abrir mão dela. É neste momento que me retrato desse esteriótipo que criei com relação a todos os padres, diante da pessoa do pe. Fábio, percebo que nem todos são iguais, e então me rendo ao admirar a pessoa humana do padre que não teme em se desnudar diante dos seus. Cada vez que leio, ouço e vejo pe. Fábio, mas descubro sua humanidade... seus defeitos e isso me deixa muito feliz, feliz de poder olhá-lo e diz: Ele é igual a mim! Posso dizer que pe. Fábio é hoje para mim grande líder religioso, sim, porque querendo ou não é isso que ele se tornou, ele fala a todas as religiões com respeito e atenção que todas merecem. Por este e outros motivos é que o admiro, o admiro quando deixa claro sua convicção na escolha em ser padre, na figura de sacerdote, na pessoa humana que ele é, nas suas idéias transformadas em palavras fortes, concretas. Mas a minha maior admiração pelo pe. Fábio está no discurso religioso de salvação, no pensamento filosófico, que muito me encanta (por ser filosofa também), no cumprimento do seu sacerdócio (que tem sido de muita valia e riqueza) e na presença humilde e muitas vezes dura de chamar nossa atenção para aquilo que de verdade vale à pena.
Diante do exposto rendo ao pe. Fábio meus cumprimentos ao tempo que parabenizo-o pelo esclarecimento acerca do assunto, com opinião coerente e oportuna. Lembrando que o texto foi retirado do BLOG do pe. Fábio com o intuito de que as pessoas possam comentar sobre ele (texto), um espécie de homenagem ao pe. Fábio, e aos meus amigos que sempre me visitam, embora muitas vezes não deixem seus comentários, com o pensamento esclarecedor e otimista do padre, já que em seu blog não dispomos deste recurso (comentário).
Espero que todos gostem
Lindalva Solares
Concordo com o Pe. Fábio, pois Deus deu o livre arbitrio para o homem escolher de que forma quer segui-lo, de que forma vamos fazer? Depende do que cada um se propõe, da sua intimidade e do propósito que Deus tem na vida de cada um...Onde o Senhor toca, ele transforma! Os Padres tem uma grande família, o povo de Deus.
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