A capacidade de amar intensamente é privilégio de poucos! Solares

"Eu tenho a alegria de dizer, nessa vida eu levo prejuízo o tempo todo, mas eu me alegro em cada prejuízo que levo, porque cada vez que eu consigo amar sem interesses, cada vez que eu posso me doar para alguém é o meu coração que ganha em qualidade e humanidade!"
Pe. Fábio de Melo

quinta-feira, novembro 06, 2008

O HOMEM E O MITO

Transcrevendo na integra o artigo de Antônio Jorge Melo, sobre as eleições presidenciais dos Estados Unidos, vale à pena beber na fonte de sabedoria deste meu Mestre:


A vitória de um candidato democrata nas eleições americanas, no contexto atual, seria um fato normal, se o fato do eleito ser um revolucionário não o transformasse num momento histórico e especial. Um revolucionário não por ser negro, ou relativamente jovem, ou não ter vindo de uma família milionária, ou várias outras coisas que não o credenciaram como um candidato de perfil padrão à presidência americana. Um revolucionário por ser tudo isso e não usar essas "credenciais" para lhe conferirem uma instantânea superioridade moral.

Esse homem, Obama, não partiu do princípio de que ser vitimizado fosse o suficiente para torná-lo meritório, pelo contrário, trabalhou duro para conquistar oportunidades que, tenho certeza, não vieram facilmente, para se tornar uma pessoa melhor e mais preparada, estudou com excelência em Columbia e Harvard, militou por anos como advogado antes de se candidatar a senador.

Para mim o diferencial desse homem é que ele não foi eleito por ser um coitado. Ele não foi o coitado eleito para a presidência com base na crença ingênua de que é bom ter lá alguém tão coitado quanto porque assim saberá ser empático e solidário com os outros coitados, ou porque, no nosso intimo, estaríamos de alguma forma "compensando" os coitados

A eleição de Barack Obama para mim representa a esperança, a possibilidade de um novo ciclo de relacionamento entre os Estados Unidos e o mundo, ao serviço da paz, da cooperação entre os povos e de uma globalização mais justa e regulada. Mas, ao mesmo tempo em que acredito nisso, temo que a minha crença confirme a "demanda" do restante do mundo que vê os EUA como a única potência global capaz de impor ordem e segurança nesse nosso sofrido planeta, pois essa mesma idealização inspirou em George W. Bush e em muitos que o antecederam esse "poder de polícia" internacional como missão.

As raízes das crenças históricas e morais que constituem a nação americana fazem com que os EUA aceitem de bom grado a sua responsabilidade de liderar sempre uma grande missão em prol da humanidade, pois isto está encarnando naquilo que o povo americano tem de mais profundo e que se pode definir como "mitologia americana", "ideologia americana" ou coisa assim.

Para mim esse homem e a sua voz realmente representam esperança, mas agora ele é o Presidente, uma instituição, o herdeiro dos todos poderosos que o antecederam e, no futuro, legatário, na condição de homem e de cidadão, dos que o sucederão.

Que a sua eleição representa uma oportunidade de mudança para os Estados Unidos e para o mundo não tenho dúvidas...As minhas dúvidas residem no "Império", naquele império do livro de Hardt e Negri .

Tenho certeza de que o homem Obama não é tão santo nem tão gênio como muitos parecem tentados a acreditar, até porque, como me ensinou meu eterno professor Cid Teixeira: "devemos ser comedidos até nas virtudes". Mas, comparando-o com muitos outros lideres e candidatos a lideres que posam de estadistas e inspirado na minha fé na vida, na minha fé no homem e, principalmente, na minha fé no que virá... Faço coro aos companheiros: Viva Obama!


Antônio Jorge Melo

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