A capacidade de amar intensamente é privilégio de poucos! Solares

"Eu tenho a alegria de dizer, nessa vida eu levo prejuízo o tempo todo, mas eu me alegro em cada prejuízo que levo, porque cada vez que eu consigo amar sem interesses, cada vez que eu posso me doar para alguém é o meu coração que ganha em qualidade e humanidade!"
Pe. Fábio de Melo

domingo, abril 29, 2007

A "JUSTIÇA" DO JUSTICEIRO

A Tela quente desta semana foi uma verdadeira Tela de Sangue. Foi exibido no horário nobre o filme “O JUSTICEIRO”. Por incrível que pareça esse filme me foi indicado várias vezes por amigos, mas eu mesma, nem sei o porquê de nunca tê-lo visto, muito embora ele seja estrelado por John Travolta, de quem gosto muito.

Por sorte ou azar meu, minha cunhada pediu-me que ficasse neste dia (segunda) com meu sobrinho Rafael enquanto ela fazia uma visita ao seu pai que acabará de dar entrada com urgência em um hospital. Prontamente fui ficar com meu sobrinho, e não tendo nada para fazer, pois não passa mais nada de bom ultimamente na TV, fiquei com ele para assistir tal filme. Mas, qual não foi meu espanto ao deparar-me com tamanha violência emitida de forma agressiva pela filmatografia hollywoodiana. Confesso que fiquei horrorizada com a quantidade de barbárie, sem falar na mensagem negativa transmitida como seu pano de fundo. Passar um filme desses nos dias de hoje é um prato cheio para aqueles que utilizam a violência como auto-afirmação.

Tudo começa com o mocinho, que é do FBI, liderando uma emboscada onde o filho do bandido, estrelado por Travolta, é morto. Por causa desse incidente inicia-se uma vingança de ambos os lados, primeiro o bandido lidera a matança de toda a família do Agente, e em seguida, o mocinho arquiteta um plano de vingança ao seu inimigo como resposta, de maneira nada convencional para um defensor das leis. Ele busca fazer justiça com as próprias mãos. Aí então, começa uma sucessão deliberada de violência declarada ao inimigo sem qualquer trégua mental.

No transcorrer do filme, busquei visualizar momentos positivos que compensassem suas agressões, pensei ter encontrado um deles, no momento em que o ator principal deixa para seus amigos um calhamaço de dinheiro para ajudá-los em suas dificuldades, mas refletindo um pouco mais, cheguei a conclusão de que esse dinheiro era de origem ilícita, resultado de uma transação corrupta, portanto esse momento não poderia ser visto como positivo, assim penso! Mas o ponto negativo... Esse sim, ficou bem evidente para mim. A mensagem negativa disseminada pelo filme, provocou em mim um choque, muito embora o que vejo no dia-a-dia não seja nada diferente do retratado por ele; um homem que vivia sob as diretrizes das leis, chegar a mencionar que essas mesmas leis deveriam ser quebradas, ignoradas, para que possamos elaborar as nossas próprias leis, e que vingança nada tem haver com emoção, mas sim com justiça, me fez questionar o seu perfil como Agente, me fez questionar seu conceito sobre a verdadeira justiça, não falo da Justiça dos homens e nem de Deus, mas daquela justiça nascida da sensatez e que traz paz a consciência, pois o conceito de justiça que possuímos, quando não aplicado a nosso favor tende a cair por terra, o que somos jamais poderá estar atrelado ao agir do outro ser, agindo da mesma forma que o seu inimigo, o mocinho igualou-se a ele, e a parte pior de tudo isso, é que o Agente tinha consciência disso, mas não foi o suficiente para que ele desse um basta. Tudo que ele era veio por água abaixo, ou pelo menos o que ele pensava que era.


A minha preocupação, foi com a releitura que as mesmas pessoas que me indicaram o filme fizeram. Todos eles, o classificou como ótimo, sinceramente não consegui visualizar esse ótimo, quem deve ter achado ótimo mesmo, foram os bandidos de plantão, que virão seus atos violentos serem retratados fielmente neste filme, em forma de Justiça. Eles agradecem a Rede Globo de Televisão pelo apoio!


Por fim, o único ponto positivo que eu encontrei foi o da excelente atuação de John Travolta, que deu a volta por cima da má fase de sua vida, há uns dez anos atrás, e rompeu de vez com a aparência de bom moço estigmatizada pelo filme GREASE, projetando-se de vez como um exímio ator.

Analisando o filme, penso ser difícil para quem perde alguém de sua família, no caso da personagem, que perdeu toda ela, mas agir da forma que para nós parece correta naquele momento é um erro, erro esse, que nos levará a um sucessão de outros erros, e chegará um momento que o mal não poderá mais ser remediado, aí então, teremos que conviver com os nossos fantasmas. Seria uma involução do ser humano se voltássemos agir dessa maneira, a pensar dessa maneira, trazer à tona o código de Hamurabi, que no passado foi elaborado de acordo com a mentalidade do homem bárbaro, significa atestar a demência humana, já que o homem não retroage, a lei olho por olho, dente por dente, servia apenas para vingar a perda, mas jamais significou fazer justiça.
Solares

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