Sendo Anjo...

Tenho pensado muito no tamanho da responsabilidade que temos ao nos tornarmos um Anjo na vida de alguém. Você passa ser referência para esse alguém. E até que ponto isso é saudável?

Se é verdade que somos responsáveis por aquilo que cativamos, então é chegada a hora de rever o tamanho dessa responsabilidade. Esse assunto tem me deixado bastante inquieta, pois nos últimos tempos, tenho exercido de forma intensa, o Dom de Ser Anjo na vida de alguém. E isso, ao mesmo tempo que me faz bem, me preocupa.

Me faz bem no momento em que sou para uma pessoa a esperança de ajudá-la a compreender o processo em que ela está passando. Me faz bem porque me torno mais leve sempre que posso compartilhar da sua dor, mesmo sabendo que não posso arrancá-la de dentro dela. Ser útil a alguém é um processo terapêutico, e eu tenho me deixado ser útil para as pessoas em busca da cura para os meus males. Até aqui tem dado certo, mas esse meu dispor de mim é algo espontâneo e não pensado, pois se assim o fosse não seria terapêutico. O dom de Ser Anjo na vida de alguém me torna mais forte, me ajuda a querer ser quem sou e tudo isso me faz bem! Mas se por outro lado me faz bem, pelo outro a preocupação me apavora.

Apavora-me o fato de na ânsia de querer ajudar alguém eu me torne para ela o inatingível. Meus amigos sempre me dizem que sou o modelo de “Fortaleza” e que o amor é para os fortes, assim como para mim. Mas tenho medo dessa idealização. Medo de me verem com forte e esqueçam que sou humana e como tal também sofro as precariedades própria do ser humano e que como ele também preciso que alguém seja anjo em minha vida. A dor está para mim assim como está para todos, apenas eu aprendi com a vida uma forma melhor de vê-la. A dor é o preparo do território humano, ela não pode ser vista dissociada do processo, justamente porque ela não é algo definitivo para nós. Nós é que cristalizamos ela como definitivo e por esse motivo a dor torna-se algo insuportável e interminável devido ao tamanho de importância que damos a ela. Temos que colher da dor o aprendizado e o sentido de termos passado por ela, depois devemos atravessar a ponte, pois algo melhor nos espera do outro lado. É assim que passo pelos processos transitórios da dor, não há nada de forte nisso, apenas sabedoria, não a torno definitiva e nem nem dou a ela a importância que talvez não mereça, apenas busco compreendê-la, dando-lhe sentido e depois atravesso a ponte, porque o melhor da vida está para começar. Se sou forte aos olhos do meus amigos, então que seja, mas saibam que debaixo de toda fortaleza há ferrugem e se ela não for devidamente cuidada a fortaleza pode vir a ruir.

Amo ser anjo na vida de alguém, mas vamos tornar isso uma mão de via dupla, se permita ser também para alguém esse anjo, não temos o direito de manter alguém na ignorância da dor com a nossa indiferença, há sempre alguém perto de você esperando por essa sabedoria, que você pensa não ter, no exercício do Dom de Ser Anjo. Eu tenho muitos anjos em minha vida, tantos que fiz deles uma constelação onde para cada estrela um nome de um anjo-amigo está escrito.

Não há nada de impossível em ser Anjo, como já disse antes esse exercício é um processo terapêutico, tanto para que o exerce como para que o necessita.

Eu agradeço a Deus pelas diversas vezes que me permitiu ser anjo na vida de alguém e vice-versa. Pois quando Deus assim o fez, eu pude ser Seu instrumento na realização de um milagre.

Amigos são como anjos. Quem te um amigo tem um anjo! E eu daria a vida por cada um deles.

Nos braços de um anjo, voe pra longe daqui
Deste quarto de hotel escuro e frio e da
imensidão que você teme
Você é puxado dos destroços de seu devaneio silencioso
Você está nos braços de um anjo, que você encontre
algum conforto aqui.

(Música Angel – Katherine Jenkins)

Dica de música – Angel com Katherine Jenkins

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